A claridade brilha como uma névoa radiante, que, de fato, desmistifica e ilumina, por vezes de maneira quase insuportável. É a presença luminosa; é um brilho cintilante. É entrar em colapso dentro da luz. Anda-se pelas ruas energizado, vendo todas as aparências da vida mais finas e mais frágeis que uma casca de ovo pintada ou uma lâmina colorida. Ontem, quando eu voltava do trabalho, parecendo um nerd, de camiseta e sapatos, óculos e cabelo desgrenhado, percebi um grupo de jovens numa janela, gritando e apontando seus dedos indicadores para mim. E onde estava o medo? Nenhum lugar para ser visto! Era apenas a pureza chamando minha atenção: "Aqui estou - eu te amo", ela gritou! Isso foi sentido tão intensamente, que por repetidas vezes me veio um desejo de ter olhado mais demoradamente e amorosamente para aqueles olhos flamejantes e dedos em riste.
Ainda assim eu desperto daquele sentimento desgastado, cansado e separado, e encontro a mente ocupada em combater a dúvida implícita de que "isso não aconteceu", com afirmações que desejam um futuro surgimento da unidade. E então é percebido, ou melhor, 'lembrado' (pela milionésima vez!) que esse sentimento desgastado, cansado e separado é isto, é iluminação, é unidade - e daí, curiosamente (e, penso eu, reforçando um pouco a falsa crença) a leveza fresca e exuberante tende a se inflitrar imediatamente de toda parte!
Por vezes esse sentimento fresco e exuberante, o sabor da unidade, é, na verdade sentido como indesejável... bem, quase! Essa é uma revelação revigorante - na medida em que neutraliza um pouco a empatia compulsiva e sentida como necessária com essa experiência tão deliciosa; uma empatia que é percebida como "pré-iluminação", e se prolonga como uma espécie de quietude residual mecânica, habitual. É isto - quer seja um relaxamento leve e sedutor, ou medo, nervosismo, estado defensivo e egoísmo, ou a busca de uma experiência em particuar... isto é tudo e somente unidade.
Guy Smith